Veja como foi o bate-papo sobre microbiologia e medicina polar
Considerado um dos ambientes mais extremos e frios do Planeta, a Antártica foi tema de uma palestra exclusiva para médicos cooperados, realizada nesta quarta-feira (12/04), no Espaço do Conhecimento da UFMG. Além de ouvirem sobre microbiologia e medicina polar, os cooperados participaram ainda de uma visita guiada pela Expedição Antártica, que tem patrocínio do Instituto Unimed-BH e pode ser visitada até o dia 29 de abril.
Os efeitos das baixas temperaturas, que variam entre 0°C e -70° C, sobre o corpo humano, foram apresentados pela médica e professora Rosa Maria Esteves Arantes, que coordenou o projeto Medicina e Antropologia da Saúde na Antártica (MediAntar) da UFMG. “Acompanhamos as expedições ao continente para investigar o que essas condições podem causar nos seres humanos”, explicou.
“Estudamos a presença do homem na Antártica, as circunstâncias de atendimento em saúde naquele lugar isolado e os vários fatores estressantes, como a sensação de monotonia causados pelo ambiente, a elevada incidência de raios ultravioleta, além da continuidade dos cuidados com o paciente após ele voltar ao seu país de origem”, completou.
O olhar para uma escala microscópica e para a comunidade de fungos que vive na Antártica também foi apresentado aos cooperados pelo professor Luiz Henrique Rosa, coordenador do projeto MycoAntar. O trabalho de catalogar espécies de fungos no solo, plantas, água e outros locais do continente que, posteriormente foram testados em estudos relacionados à produção de medicamentos e agricultura, entre outros, foram lembrados por Rosa. “Entre os nossos resultados está o fato de termos o maior acervo de micro-organismos e células do mundo e podermos contribuir com outros pesquisadores”.
Os principais impactos do estudo nas atividades econômicas brasileiras também foram citados pelo professor. “Podemos trazer resultados para a medicina, com medicamentos, mas também para a agricultura, com novos pesticidas e herbicidas, para a indústria de alimentos, com controle de contaminações e alimentos funcionais, além do setor industrial, com a descoberta de novas substâncias”, pontuou.
Veja a opinião dos cooperados que participaram do evento:
“Essa é uma iniciativa importante para difundir um conhecimento que inexiste na cultura tropical. A Antártica é um paraíso de riqueza mineral cobiçado pelo mundo inteiro, mas existe uma riqueza de vida e biodiversidade que é completamente desconhecida da humanidade e os passos que são dados pelos professores são fundamentais para as gerações que estão por vir. Já a história da medicina polar que remonta desde as primeiras navegações, com o histórico de vidas que se perdiam por meio de doenças não conhecidas, intoxicações e o comportamento multidisciplinar dos médicos de bordo que eram conselheiros, pesquisadores da história natural e cirurgiões, atrai o médico como um ser curioso. Nesse contexto existem milhares de desafios e exemplos que são fundamentais para o conhecimento médico hoje e no futuro”.
João Batista Campos, cooperado da especialidade de cirurgia
“Sempre tive curiosidade sobre a Antártica e os polos e acho que a palestra sobre microbiologia e medicina polar nos enriqueceu muito. A sensação que temos é que os fungos vão dominar a terra, pensando que na Antártica, por exemplo, eles conseguem sobreviver a -70° C. Ou seja, a pesquisa ali é extremamente importante. Para o Brasil também fica o reconhecimento da sua presença e de um trabalho pioneiro no que diz respeito aos fungos. Já o trabalho voltado para a medicina polar é interessantíssimo: saber como se comportam as pessoas, o corpo, a fisiologia e quais são as doenças mais prevalentes já que não existe esses estudos nos livros.”
Márcio Moreira Mendonça, cooperado da especialidade de neurologia infantil
Exposição Expedição Antártica
Quando: De 7 de dezembro até 29 de abril de 2018
Onde: 2º andar do Espaço do Conhecimento UFMG – Praça da Liberdade, 700, Funcionários, BH
Entrada gratuita