“Temos em 2018 a chance de mudar. Enquanto isso, estamos perdendo oportunidades.”
Apresentação do sociólogo Demétrio Magnoli contextualizou cenário de crise e alertou sobre novos caminhos para o desenvolvimento
A palestra de abertura do 12º Encontro de Cooperados trouxe o sociólogo e especialista em política internacional, Demétrio Magnoli. Ele fez uma retrospectiva da política e os caminhos possíveis para o que ele definiu como “a mais profunda crise da Nova República”.
“Estamos encerrando a Nova República, estabelecida pela Constituição de 1988 que, na época, definiu um pacto social e político onde o Estado gastava mais que o crescimento da economia. Entre as soluções para financiar os custos desse modelo, tivemos ao longo dos anos o Plano Real, um forte aumento da carga tributária e o endividamento público”, lembrou Magnoli.
E a saída, segundo Demétrio, seria a reinvenção desse pacto social. “As chaves para o futuro são regras mais simples, estáveis e transparentes, que organizem a sociedade sem privilégios”, completou. A evolução da corrupção que é intrínseca à política está, de acordo com Magnoli, em “um estágio dramático e pernicioso”. Já o populismo, segundo ele, deixará impactos que serão cobrados no futuro. “O sistema que vigorou desde 2002 representou mais continuidade que ruptura, com um sistema corporativista que consegue mais privilégios para si”, disse.
Para as eleições de 2018, Demétrio acredita numa disputa polarizada entre direita e esquerda, com espaço para o crescimento do centro político. “De um lado, temos um que candidato nega a realidade e a economia e diz que produziremos dinheiro como antes. Do outro lado, temos um candidato que nega a política que traz mediação social e o centro que finge que não há crise e continua fazendo política como antes, mas que pode mudar”, afirmou.
Apresentar as reformas que o Brasil precisa é impopular, mas necessário, segundo o especialista. “O presidente da França Emmanuel Macron foi às ruas dizer sobre a necessidade das reformas e ganhou as eleições. Mauricio Macri, presidente da Argentina, mudou a economia com ações voltadas para a produtividade. Nossa crise é uma oportunidade para crescermos assim como outros países latino americanos ou sermos singulares. Temos em 2018 a chance de mudar. Enquanto isso, estamos nos especializando em perder oportunidades”, concluiu.
Assista entrevista com o palestrante: