Todo dia é dia da mulher
Ser mulher é levar a coragem e o cuidado no coração. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher e a todas às médicas cooperadas, a Unimed-BH ouviu algumas colegas sobre suas histórias pessoais, inspirações, rotina e desafios.
Maria Inês de Miranda Leite
Cooperada da Ginecologia e Obstetrícia
Eu sou de Ervália, interior de Minas Gerais e fui a primeira mulher da minha cidade a ir morar em uma república para fazer faculdade. Minha determinação veio de casa. A minha avó foi uma das mulheres da minha vida que me inspiraram a ir em busca dos meus sonhos. Tenho mais de 30 anos de profissão e todo o reconhecimento que recebi durante a minha trajetória veio com muito trabalho e dedicação. É com orgulho que digo que sou a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Associação Médica de Minas Gerais.
A mulher se divide em vários papeis: esposa, mãe, profissional. E é difícil equalizar essas atribuições. Como mãe a gente sente culpa de não estar disponível para os filhos o tempo todo. Mas eu digo para todas as minhas pacientes que são mães: é possível encontrar esse equilíbrio. O filho é do mundo. Você tem que ter o seu espaço, saber quem você é e o que você quer.
Sinara Leite
Cooperada da Coloproctologia
Escolhi uma especialidade que, quando me formei, há 32 anos, era absolutamente masculina, mas que hoje vive um momento diferente, com muitas mulheres. Fui a segunda cirurgiã no Hospital João XXIII e a luta era grande, enfrentei vários desafios. Se eu puder resumir em poucas palavras, digo que consegui caminhar porque tive muito foco, disciplina, resiliência imensa e sorte. Mas eu defino sorte como Sêneca, que diz que sorte é o encontro da oportunidade com a competência. Penso que a gente tem que se manter competente e as oportunidades surgem.
Tive algumas inspirações importantes na minha vida lá atrás e li muito Simone de Beauvoir, que tem uma frase importante para mim: “é pelo trabalho que as mulheres reduzem a distância com os homens e só pelo trabalho conseguem sua independência concreta”. Para as colegas, minha mensagem é para que acreditem no que vocês querem e mantenham o foco, não desistam. Não deixe que o outro te defina como pessoa, você se define e tenta fazer do melhor jeito.
Uma das críticas que minha geração viveu é que a maioria das mães não trabalhava e, por isso, não seria possível ser boa esposa, boa dona de casa e trabalhadora. A leitura que fiz ao longo do caminho é que não seria uma mãe como a minha mãe, uma dona de casa como minha tia, mas seria ao meu jeito. Eu não me propus a fazer cirurgia como os colegas homens faziam, mas ao meu jeito e não fiquei embarreirada aos conceitos colocados. As pessoas não têm que ser iguais, não tem um único jeito de se fazer as coisas desde que saiba o que fazer com responsabilidade.
Amélia Pessoa
Cooperada da Mastologia
Acredito no poder das mulheres serem o sujeito ativo das mudanças. Não acredito que as mudanças necessárias sejam rápidas, a cultura patriarcal não se transforma de um dia para o outro, é um processo contínuo de mudanças. As mudanças precisam ser conquistadas pelas mulheres, elas nunca serão cedidas ou viabilizadas por decreto. Por isso, precisa ser uma transformação contínua, persistente e consistente. O primeiro passo é o empoderamento que vem muito do agir, porque ele é a tomada de consciência do poder, da autonomia para conseguir tomar as melhores decisões.
Nesse sentido, o papel das instituições, empresas e associações é importante ao trabalhar essa cultura internamente. Uma mulher empoderada ainda incentiva com o próprio exemplo outras mulheres a se habilitarem para as oportunidades. Comecei a atuar no associativismo na Felicoop, passei pelo Conselho Técnico da Unimed-BH por dois mandatos e há muitos anos estou no Sindicato dos Médicos de Minas Gerais como diretora. O motivo de ir para o associativismo passa por tudo que falei, em me colocar em presença. Se as mulheres contribuem igualmente para a riqueza, também devem participar das decisões.
Cláudia Navarro
Cooperada da Ginecologia e Obstetrícia
Percebo que a sociedade está mais alerta para as questões que envolvem a igualdade e o respeito à diversidade. Já avançamos muito nesse quesito, mas temos ainda uma longa caminhada. Ainda há diferença na questão salarial e ocupação de cargos entre homens e mulheres, por exemplo. A mudança vem com estudo, foco e determinação.
Eu fui a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Minas Gerais, um reconhecimento que veio por causa do meu desempenho e dedicação na área. Trabalho com ênfase em reprodução humana e, para mim, é uma satisfação poder proporcionar essa conquista para as mulheres que sonham em ser mães.