Futuro da Saúde Suplementar é discutida no Fórum de Ideias
Na última terça, dia 7 de março, mais de 2 mil cooperados participaram do Fórum de Ideias On-line sobre os Desafios da Saúde Suplementar conduzido por Anderson Mendes, presidente da Unidas, entidade associativa, sem fins lucrativos, que representa as operadoras de autogestão do Brasil.
Antes de passar a palavra ao palestrante, o diretor-presidente da Cooperativa, Frederico Peret relembrou que o Fórum de Ideias é mais uma entrega do Portas Abertas. “Reafirmo o nosso compromisso com os valores de uma gestão aberta, transparente, de diálogo e de construção coletiva da nossa cooperativa”, pontuou. A presença dos cooperados também somou pontos no programa Participação Pontuada e é parte do ciclo atual do programa Viver Bem Cooperados.
Raio X da saúde suplementar
Anderson abriu a apresentação trazendo o principal desafio da saúde suplementar. “Temos o nosso ideal, que é saúde para todos. Mas o que queremos e podemos? É uma tríade baseada em custo, qualidade e acesso. E não existe mágica para que você potencialize um deles sem abrir mão do outro. O nosso desafio é equilibrar os três pontos”, resumiu.
Na sequência, ele trouxe diversos dados que ajudam a entender o setor. O Brasil conta, atualmente, com 700 operadoras de planos de saúde com atuação local e nacional, sendo que 56% são operadoras de pequeno porte e que 79% dos beneficiários dessas operadoras estão no interior, conforme levantamento da ANS em 2021.
Segundo a Anahp, em 2022, R$ 822,2 bilhões foram destinados para a saúde pública e privada, sendo que 47% do financiado foi público e 53% privado. Ainda pensando nos custos, Anderson destacou que, segundo dados de 2021, a despesa assistencial ficou em R$ 208 bilhões para os planos médico-hospitalares, enquanto o SUS teve R$ 161 bilhões de despesas executadas. Ou seja, o SUS teve um investimento inferior para atender a 75% da nossa população. “Esse desequilíbrio é o primeiro alerta da ineficiência do sistema de saúde suplementar. Outro ponto que corrobora a nossa ineficiência é o número de exames solicitados, bem acima da média dos demais países”, comentou.
Outro ponto destacado por Anderson foi o protagonismo das operadoras dentro da cadeia produtiva de saúde. “83% das receitas dos hospitais privados e 80% das receitas dos laboratórios de medicina diagnóstica vêm de recursos administrados pelas operadoras de planos de saúde”, detalha. E para que esta cadeia funcione precisamos entender que é fundamental o pacto intergeracional. Ou seja, os mais jovens custeiam as despesas assistenciais dos mais velhos.
Tendências globais
Durante sua apresentação, Anderson trouxe alguns pontos que precisamos estar de olho quando projetamos o futuro da saúde suplementar.
O primeiro é a mudança nos hábitos dos consumidores, que estão mais exigentes, querem ter controle sobre os dados da sua própria saúde e, em razão da comodidade e agilidade, apostam na telemedicina e saúde digital. O segundo diz respeito à transformação digital e o terceiro às Healthtechs. Um quarto ponto que merece atenção é a consolidação do mercado, que obriga as empresas tradicionais a se adaptarem e, também, a realizarem um maior controle dos custos.
Por fim, Anderson citou a forte regulação do setor e necessidade de se pensar a saúde baseada em valor. Ao detalhar o último ponto, ele reforçou a necessidade do foco na jornada do paciente; repensar a remuneração médica; investimento em medicina primária; melhora da performance clínica; realização de análises preditivas; e gestão da saúde populacional.
“Diante de tudo, acredito que para um futuro melhor, precisamos investir em educação em saúde, incluindo economia da saúde; focar na eficiência; buscar novas alternativas para os problemas, inovando e fazendo diferente; integrar dados, serviços e interesses; evoluir da teoria para a prática; e tornar a saúde suplementar mais acessível, apoiando o SUS”, elencou ao final da apresentação.
Anote na agenda
No dia 21 de março teremos um Fórum de Ideias Especial. Pela primeira vez, um encontro vai discutir, de forma antecipada, os temas que serão tratados em nossa Assembleia Geral Ordinária Semipresencial, que este ano será realizada no dia 28 de março.