Cenário econômico e político do Brasil revela crise de representatividade

Com 34 anos de experiência em jornalismo, o repórter-especial da Rede Globo, William Waack, marcou a 10ª edição do Encontro de Cooperados com uma análise do cenário econômico e político do Brasil diante dos impactos da crise. Foram cerca de 40 minutos de apresentação em que o auditório do Minascentro registrou recorde de público no evento, com cerca de 2.200 médicos presentes escutando atentos a reflexão do jornalista.

“Esta é uma crise extraordinariamente grave, que vai muito além da queda do PIB, e nos coloca diante da seguinte questão: qual sociedade queremos construir?”, questionou William Waack. Para o jornalista, a gravidade está na crença, agora falida, de que os gastos sociais poderiam ser desvinculados do crescimento da economia e da geração de riqueza.

“Essa crença se sustentou por um tempo, durante o período de prosperidade internacional, que nos beneficiou de alguma forma. Porém, isso não se sustenta mais, nem mesmo a maneira como se fez política no Brasil até hoje. Chegou ao fim a distribuição do dinheiro público para grupos privados à vontade. Isso nos mostra que o grupo que detinha o poder nos últimos 12 anos perdeu seu espaço, mas também não está claro o que irá ocupar esse lugar”, analisou.

Para o repórter, o reflexo de tudo isso está estampado na crise de representatividade que a sociedade brasileira está vivendo. “As entidades de classe e os partidos políticos perderam confiança, o que é grave. Hoje o foco da crise é o salão verde do Congresso, que vive uma extraordinária fragmentação de forças. Essa fragmentação criou uma paralisia e não vemos nenhum consenso de força política dando direção até agora. O sistema político está incapaz de tomar decisão e a população esperando que seja definido algo”, avaliou.

E quem paga as contas é a população. “Estamos diante do empobrecimento geral dos brasileiros, com a alta da inflação, e a classe média emergente voltando à sua origem”, afirmou. Mesmo diante desse cenário, William Waack acredita que a mudança de mentalidade está ganhando força no país. “Por que vou pagar de novo para essa turma que fez tudo errado? Como observador da cena política brasileira, acho que esse é o consenso que está se formando. O desgaste é tão grande e acho que de fora para dentro isso vai acabar se resolvendo”, concluiu, seguido por uma emocionante saudação da plateia.