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Sustentabilidade e sinistralidade: o desafio de equilibrar as contas

Na semana passada, vimos que a sinistralidade vem sendo um dos grandes vilões pelo desempenho ruim do setor de saúde desde 2022, atingindo principalmente as operadoras.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar disse que está analisando o cenário atual. “Estamos acompanhando a situação do setor, mas ainda não é possível saber se esse patamar de sinistralidade vai se manter para tomar decisões mais radicais”, ponderou Paulo Rebello, presidente da ANS, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Preocupadas com o cenário, as operadoras estudam como manter a sustentabilidade do negócio.

Renegociação de contratos

Os planos de saúde estão fazendo um pente-fino em suas contas. Atentos a todas as questões que impactam as  despesas médicas, eles também pressionam hospitais e laboratórios para ampliar prazos de pagamento e renegociar contratos, que podem ter redução de até 30%.

O índice de glosas (quando a operadora posterga o pagamento por divergências) aumentou de 3,86 para 4,67 nos últimos três anos, de acordo com a  Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que representa 130 grandes hospitais. “O prazo de pagamento subiu de cinco dias para 75 dias. Assim, as operadoras vão fazendo fluxo de caixa”, disse Antonio Britto, presidente da Anahp.

Reajuste dos planos e capacidade de pagamento

Há incerteza sobre como fica o setor em 2023. Matéria publicada pelo jornal Valor Econômico em 10 de abril de 2023 traz a preocupação de especialistas quanto à capacidade de usuários e empresas contratantes do benefício arcarem com patamar de reajustes, que variaram entre 11% e 22% em planos empresariais em contratos vencidos entre dezembro e fevereiro. E a expectativa é que se mantenha os dois dígitos ao longo do ano.

Para Renato Casorotti, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), a impossibilidade de recompor a margem de lucro também impacta o custo. Ele avalia que é possível que grandes contratos corporativos não sejam renovados em 2023 devido aos reajustes mais fortes, o que pode levar ao encolhimento da carteira.

Promover o acesso é o desafio para reter clientes

Fonte: Valor Econômico
Fonte: Valor Econômico 10.04.2023

Na outra ponta da cadeia, embora mais pessoas estejam buscando um plano médico – desde a deflagração da pandemia, 3,3 milhões de usuários ingressaram no sistema de saúde suplementar – os usuários estão cada vez mais insatisfeitos com os frequentes descredenciamentos da rede prestadora e o aumento da burocracia para se conseguir um atendimento, conforme mostra quadro acima. O índice de reclamações contra as operadoras dobrou entre 2019 e 2023.

Com mais de 700 operadoras no Brasil e a facilidade em trocar de plano, o desafio para as operadoras é estar cada vez mais próxima da vida dos beneficiários, como pontua Marcos Paulo Novaes Silva, superintendente executivo da Abramge.

“Pela forma como a operadora se comunica com esse cliente, pelas aplicações oferecidas, pela facilidade com que o beneficiário encontra o que precisa, se ele sente que terá a cobertura referente às suas necessidades, se ele sente apoio e segurança por parte da contratada. Porque, afinal, saúde é isso: é sentir segurança. Acredito que a entrega desse conjunto é o que fideliza”, avalia.

Ele destaca, ainda, a importância de uma jornada do paciente eficiente, que possa restabelecer a saúde dos beneficiários rapidamente.

“Temos de buscar estratégias mais eficientes. Tudo isso culmina na consequente sustentabilidade de longo prazo: ampliando o acesso, atende-se mais beneficiários e, atrelada à entrega de uma jornada do paciente mais eficiente, naturalmente tem-se um custo menor e, portanto, um negócio que perdurará por anos”.

Na Unimed-BH: despesas médicas e NPS

Na Unimed-BH, algumas das iniciativas para mitigar a sinistralidade estão relacionadas à aplicação das tecnologias aos processos; a uma jornada do paciente mais eficiente, trazendo maior previsibilidade financeira; e à integração da rede assistencial para maior eficiência da gestão visando à redução de desperdícios.

As metas de remuneração variável (sinistralidade ≤ a 80% e NPS ≥ a 78) também refletem esse compromisso que cada médico cooperado deve ter em buscar equilíbrio entre despesas médicas e atendimento ao cliente.

Mesmo estando dentro da meta proposta pela Cooperativa, o nosso índice de sinistralidade vem subindo. O resultado de fevereiro de 2022 a janeiro de 2023 foi de 79,10% (responsável pelo bônus de março), enquanto o resultado de março de 2022 a fevereiro de 2023 foi de 79,88% (responsável pelo bônus de abril). O desempenho do Net Promoter Score foi melhor; obtivemos NPS 80.

“Qualidade com custo acessível e compromisso com os clientes são valores da nossa Cooperativa. Se quisermos ser perenes, precisamos trabalhar de forma consciente, mantendo nossa carteira acima de 1,5 milhão de vidas e fazendo escolhas que beneficiem a Cooperativa. Não há fórmulas fáceis e nem atalhos. O único meio de nos mantermos competitivos neste cenário tão adverso é não perdendo de vista os preceitos dos princípios cooperativistas que regem nosso negócio”, afirma o diretor-presidente da Unimed-BH, Frederico Peret.

Fonte: Valor Econômico. Diário do Comércio. O Globo. MV. Unimed-BH

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