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“Os políticos nascem da sociedade”, afirma Leandro Karnal em reflexão filosófica.

Confira a repercussão do painel de encerramento do Encontro de Cooperados, que também contou com a participação de Luiz Felipe Pondé

Para encerrar a 12ª edição do Encontro de Cooperados, uma reflexão filosófica sobre ética e democracia no cenário atual do país reuniu os escritores Leandro Karnal e Luiz Felipe Pondé no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes.

Com o olhar voltado para o contexto político do Brasil, Karnal apontou que a democracia e, consequentemente, o Estado brasileiro, sofrem problemas estruturais. E isso está refletido também nas empresas e nas pessoas. “Não existe país no mundo onde sociedade ética gere governo corrupto. E governo ético não nasce de sociedade corrupta. Os políticos nascem da sociedade”, avaliou.

Mesmo diante desse cenário, ele acredita na possibilidade de mudança. “É na ação da sociedade que coloco a minha fé. Vejo que a transformação do país deve vir muito mais das pessoas do que do Estado”, afirmou.

O palestrante, que é historiador, professor da Unicamp e colunista da Folha de São Paulo, também destacou as características do Estado que precisam ser organizadas para favorecer a mudança. “O Estado deve ser estadista e não estabelecer regras desnecessárias. Isso que deveria acontecer para haver transformação. O bom Estado não representa messianismo nem atrai as massas”, explicou.

Apesar da oportunidade de mudança, Karnal faz um alerta para as eleições de 2018. “Devemos eliminar a crença de que algum candidato poderá trazer a redenção. Não há messias”, pontuou.

Perfil dos jovens pode ser desafio para a transformação

Para complementar a reflexão sobre ética e democracia em nossa sociedade, o filósofo Luiz Felipe Pondé apresentou sua análise sobre o perfil dos jovens com base em pesquisa realizada com americanos nascidos entre 1995 e 2003. Para ele, é fundamental compreender esse grupo, que terá grande parcela de responsabilidade nas decisões futuras.

A pesquisa mostra que a noção de consciência política é um mito. Na verdade, as escolhas políticas têm mais relação com a visão de mundo das pessoas. O eleitor comum, na hora de votar, pensa de forma pragmática ou não leva a escolha muito a sério”, afirmou.

Para Pondé, o perfil dos jovens reforça esse diagnóstico. “Os jovens ouvidos pela pesquisa não acreditam em instituições políticas. Eles acreditam em candidatos independentes. Esses jovens basicamente se relacionam pelas redes sociais. E Trump foi o primeiro candidato a se eleger pelas redes sociais”, completou.

Diante desse diagnóstico, nosso convidado também deixou um alerta para um possível cenário que podemos ver nas eleições de 2018 no Brasil. “Podemos vivenciar a tendência de debates polarizados, a força do debate na mídia social e até ter um candidato eleito pelas redes sociais”, avaliou.

 

Assista entrevista com os palestrantes:

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